O mercado fechou sexta-feira em 390,75 centavos, base Dezembro, contra sexta-feira retrasada em 378,05 centavos. O mercado resiste bem em testar novamente o suporte em torno dos 360 centavos, e gera volatilidade em torno da época chave de florada no Brasil.
Os estoques certificados continuam a cair, chegando as 538 mil sacas, uma queda de 38 mil sacas na semana. Contribuição da politica tarifária americana sobre o café brasileiro.

A arbitragem NY/Dez & Londres/Jan continua na faixa de 185/190 centavos, o que mostra uma certa dificuldade na mudança de blends e a percepção de que Robusta não tem problema de oferta.
O inverso no Arábica continua firme e forte, com o Dez-Mar na casa de 15 centavos, o que mostra quão pressionado o primeiro mês vai continuar.

As exportações brasileiras em Setembro vão ultrapassar a casa 3,5 milhões de sacas, mesmo com a redução para os EUA e os contínuos problemas logísticos nos portos brasileiros.
Segundo a OIC, as exportações globais nos últimos 11 meses, base Agosto, mostra um volume basicamente inalterado entre esse ciclo e o último. Cerca de 127 milhões de sacas, e os números de Arábicas também se equiparam (aqui já considerando os últimos 12 meses, base Agosto).

Os últimos números dos estoques europeus mostram que, de Agosto para Setembro, o número continua estável. O mesmo se olharmos os estoques reportados do Japão. Ou seja, o café continua fluindo e o consumo (olhando estoques e desaparecimento) aparentemente estável. Então, em termos de fluxo de café… o pior ainda está por vir??

Várias regiões produtoras reportaram a abertura de florada. Falando de maneira geral, a melhora nos tratos culturais já gerava a possibilidade de uma florada muito boa. Nas várias localidades em que já observamos, isto realmente é uma realidade. Agora… de possibilidade para realidade, precisamos de São Pedro. Não existem grandes problemas de umidade no solo, porém o volume necessário para o “pegamento“, necessita se normalizar, ainda mais sob altas temperaturas e principalmente baixa umidade do ar.
Segundo agrônomos com larga experiência, ainda é muito cedo para avaliarmos. A realidade no momento continua sendo uma expectativa…

No macro, o Dólar mantém a casa dos R$5,30 e R$5,40. A economia americana cresceu anualizada 3,8% base segundo semestre, e segundo alguns economistas, pode chegar a 3,9% no terceiro trimestre. Por este prisma não é exatamente uma economia em recessão.
O mercado de trabalho gera bastante debate.
Alguns economistas indicam os fracos números, a queda abrupta de imigração (e deportações), e na faixa de salários mais altos a percepção continua, de que existe um grande número de demissões, porém as contratações estão congeladas.
Também não existe nenhum dado aparente de queda de consumo. Ou seja, junto com as tarifas atingindo o mercado, a inflação perto dos 3% e subindo, deve continuar. Um cenário bastante difícil para a tomada de decisão quanto a um possível novo corte de juros por lá.

O possível encontro Lula & Trump, que ainda não tem agenda, pode trazer alguma esperança para a tarifa sobre o café. Com Trump tudo é possível, porém não podemos esquecer do volume de dinheiro que as tarifas estão trazendo para os cofres do governo americano. O que Lula vai dar em troca?

Por aqui a direita continua batendo cabeça. Lula agradece.
Os números da economia continuam resilientes, bem como do emprego.
A dívida bruta do governo geral (DBGG), ficou estável em Agosto, em 77,5%/PIB. Em 2013 era 51%/PIB, e o pico chegou na época da pandemia em 87,6%/PIB.
O BC não parece disposto a nenhuma grande redução de juros antes de 2026. O spread de juros se mantém.

NY com bom suporte e volatilidade, até uma noção melhor da florada Brasil. Independente, a pressão no primeiro mês e o inverso vão continuar.
O Dólar, olhando somente sob o prisma da macroeconomia, deve se manter com certa estabilidade.
Do ponto de vista da geopolítica e das ações da Casa Branca… só no dia a dia.

Boa semana a todos!
Joseph Reiner