O mercado fechou sexta-feira em 373,05 centavos base Maio, contra um fechamento sexta-feira retrasada em 389,25 centavos.
Tirando o forte calor que afeta as regiões produtoras no Brasil e a expectativa que a safra no Vietnam vai ficar muito mais perto dos 28 milhões do que dos 24 milhões, nenhuma outra grande novidade no mercado.
A recuperação gradual dos estoques certificados já era esperada. Os volumes de negociação continuam módicos. A arbitragem Londres & NY enxugou um pouco para perto dos 135 centavos.
Tecnicamente, o Brasil está fora de venda até quinta-feira (quando começa de verdade o ano de 2025), e consequentemente podemos ter alguns movimentos mais voláteis no feriado.
Todos os grandes temas de fundamento que moverão novamente o mercado, como safra 25/26, erosão da demanda, embarques Brasil 2° trimestre, continuam de pé.
No lado da demanda, a KDP (Keurig Dr Pepper), uma das maiores dos EUA, reportou que as vendas caíram 2,6% ano a ano baseado em 31 de Dezembro 2024. O resultado foi de $4 bilhões de USD. O último trimestre viu as receitas caírem 2,4% para $1,1 bilhões de dólares, sendo o 8° trimestre seguido de quedas.
A Nestlé também já havia liberado o relatório de acionistas. Outras empresas de menor porte também liberaram seus relatórios anuais de 2024, e em geral relatando aumento de receitas (aumento de preço) e diminuição de vendas. Ressaltando que temos um importante teste, quando estas mesmas empresas soltarem os relatórios do 1° trimestre de 2025.
No macro/Dólar, continuamos basicamente na hora a hora das noticias.
Lá fora, o governo americano volta a dizer que vai introduzir as tarifas de 25% no México e Canadá e mais 10% na China. A data é dia 04. Veremos se vinga desta vez. Existe quase consenso que o efeito será inflacionário a longo prazo na economia americana.
As declarações dos membros do FED continuam a indicar bastante cautela em futuros cortes de juros.
Elon Musk continua atuando nos cortes. Voltamos a frisar que o orçamento americano é por volta de $7 trilhões de dólares, e que Musk busca cortar $2 trilhões. Desculpem a repetição, mas mais da metade dos $7 trilhões caem em 5 contas. A conta ainda fica mais complicada, pois já está rodando no Congresso a manutenção e aumento dos cortes de impostos no total de $ 4 trilhões de dólares, o que poderia aumentar o déficit americano em mais 3 trilhões de dólares nos próximos anos.
O governo conta com o crescimento para cobrir o déficit. O impacto fiscal pode ser tão complicado como o daqui. Trump ainda mantem uma certa popularidade, apesar que já existem indícios dos índices começarem a cair.
Como em todos os lugares, a lua de mel não dura muito tempo se o bolso sofrer ao mesmo tempo em que os serviços se deteriorarem. A inflação voltou a colocar as garrar para fora, os pedidos de auxilio desemprego ficaram acima das expectativas, e o sentimento econômico do empresariado teve uma queda acentuada.
A economia lá é resiliente, mas o conjunto da obra começa a ficar mais complicado no médio longo prazo.
A volatilidade na geopolítica também não ajuda o Real no momento. Louco ou extremamente hábil… cada um julga por si o posicionamento de Zelensky na Casa Branca. Mas falta de coragem o baixinho não tem. Ele já sabia que Trump havia vendido ele. Iria arrancar as concessões dos minerais raros e ao mesmo tempo ceder aos pedidos de Putin, sem garantias futuras de segurança.
Com o show de ontem, Trump fica em uma situação desconfortável. Ele não quer entrar pra história como o Presidente que entregou a Ucrânia para a Rússia e muito menos o Presidente que entregou a Europa a Putin.
A grande lição fica para a Europa: se quer ser considerada um gigante, haja com um gigante. Você coloca seu dinheiro em “portos seguros” em tempos de instabilidade. Intuitivamente, muitos começam a questionar a percepção dos EUA como “porto seguro”. Vamos observar o comportamento da Notas do Tesouro… se os juros necessários para captar aumentarem, temos outro efeito positivo para o Dólar no momento.
Por aqui a direção continua a mesma. Lula aposta tudo para 2026. Nomeia Gleise para a coordenação política, ela, uma das maiores vozes do radicalismo de esquerda (sim… aquela esquerda burra e tapada…). Com status de Ministro, vai dar vida mais difícil ainda para Haddad e os outros moderados do Ministério. Um dos primeiros que já está no corner é o Ministro da Agricultura. Gleise é uma fã incondicional de taxar as exportações de alimentos e commodities, e impor quotas como forma de diminuir os custos dos alimentos internamente. Caminhamos novamente para o Dólar a R$6,00. A lua de mel também durou pouco.
O conjunto da obra na geopolítica também pode tirar posições de ativos de mais riscos para ativos mais seguros. Por outro lado, o clima seco no Brasil começa a virar notícia. Eu diria preços em Reais não deveriam se depreciar nos próximos dias.
Boa semana a todos!
Joseph Reiner