O mercado fechou sexta-feira em 374,40 centavos, base Maio, contra um fechamento sexta-feira retrasada em 384,40 centavos. A arbitragem NY & Londres se manteve ao redor de 130 centavos, e os estoques certificados se mantiveram perto das 800 mil sacas. O mercado ficou mais pressionado com a expectativa de um volume maior de chuva chegando as áreas produtoras do Brasil. Na demanda vale a nota do anúncio da Associação Alemã de Café que o consumo de café em grãos cresceu 2% em 2024. Interessante também notar que do total importado, 23% é re-exportado, o equivalente a 3,5 milhões de sacas, com um maior valor agregado. As notícias, com base de 2024, continuam mostrando indústrias/empresas de café crescendo na Ásia e Oriente Médio. Das Filipinas, ao Vietnam, passando por China e Korea, a tendência continua sendo bastante positiva, apesar dos aumentos de preço. Veremos como se comportam no primeiro trimestre de 2025, com a segunda onda de aumentos. Também fica cada ano mais concorrida a feira de café em Dubai, e este ano, a Arábia Saudita realizou seu primeiro “cup of excellence“. Importante notar que a greve ou operação tartaruga da Receita Federal continua. Segundo a CECAFÉ, só em 2025 os atrasos já passam de 600 mil sacas. Se fossem liberados os números de exportação teriam sido surpreendentes. O total de exportação em Fevereiro, em todas as formas, atingiu 3,27 milhões de sacas… uma queda de 11,7% a/a. Em 14 meses já são quase 58 milhões de sacas exportadas pelo Brasil. O mercado interno continua com movimentação módica. Nesta altura da safra, e com muita incertezas sobre a próxima, produtores se retraem com o movimento de baixa na bolsa de NY. E o diferencial brasileiro fica mais caro. Aliado a isto, o financiamento para exportação está bastante caro e com linhas limitadas, que dificulta ainda mais as operações de exportadores. O governo esta última semana adotou alíquota zero para importação de alguns produtos alimentícios, inclusive café. Primeiro achar um café com preço competitivo… e cuidado pessoal… não é so aqui que tem café baixo e de safras passadas. Depois aturar a greve da Receita e com certeza a burocracia do MAPA com os fitos. Apesar de muitos serem contra, o Brasil poderia com certeza se tornar um centro mundial não só de exportação, como também de re-exportação. De produtos com mais valor agregado, aumentando até nossa base industrial. No Vietnam, fontes locais indicam perto de 65% da safra já foi comercializada pelos produtores. A qualidade mais exportada continua flutuando entre level e Londres – 50, porém se os números de 65% comercializados estão corretos, já indica uma segunda perna da safra (April – Setembro) mais apertada. Se a entrada do Conilon pode trazer um maior volume e possíveis melhores preços para as torrefações internas, também é bem provável que o interesse externo também continue firme. No macro, a conta corrente dos governos (todas três esferas) e Estatais fechou acima de $100 bilhões. Este número não inclui o pagamento dos juros sobre a dívida. O mercado precifica como certa que os juros básicos chegarão aos 15%, pois a atividade econômica mesmo mostrando uma leve desaceleração, ainda é robusta. Para cada ponto de juros que o BC aumenta, a conta para pagarmos aumenta em R$50 bilhões. O governo aposta na aprovação do crédito consignado para o setor privado, o que pode levar mais 120 bilhões de liquidez no mercado (as garantias sao 10% do FGTS e/ou 100% da rescisão). É um cenário complicado. Mais liquidez gerando inflação, e atividade econômica potencialmente mais fraca. A própria Ministra Simone Tebet confidenciou esta semana: a bomba vai explodir na mão do próximo governo. O arcabouço fiscal foi somente um “me engana que eu gosto“ para a aprovação da PEC da transição. Todos nós vamos pagar o preço. Lá fora, uma nova rodada de incentivos do governo Chinês para aumento do consumo interno deu novo fôlego a Bolsa Brasil, bem como a moedas emergentes. O Dólar fechou a semana no patamar de R$5,75. A semana foi um pouco mais calma (um pouco), com algum progresso nas questões geopolíticas, e o Senado americano aprovando uma extensão do orçamento impedindo que o governo parasse de operar. O tiroteio de tarifas também arrefeceu um pouco, com a confirmação do aumento de alíquotas para aço e alumínio para vários países (incluindo o Brasil) e a ameaça a vinhos e champagnes da Europa.Apesar da leve recuperação sexta-feira, a Bolsa de valores nos EUA teve uma semana de queda (na verdade um ano de queda). O índice VIX, que mede a voltalidade e risco do mercado novamente deu um salto, o ouro passou dos 3 mil dólares/onça, e mais de $2 bilhoes de dólares migraram das Bolsas americanas para as europeias (com o DAX Alemão subindo mais de 15% a/a). O mercado está apreensivo. O próprio Presidente Trump não descarta “antes de alegria vira a dor“. A próxima reunião do FED, deve manter as taxas de juros atuais. A inflação de Fevereiro em 0,2% foi abaixo do esperado (já que Janeiro bateu 0,5%), porém os efeitos das tarifas e das ações do DOGE deixa o mercado bem na defensiva. Se temos recursos migrando para o Ouro, para Bolsas fora dos EUA, não é de surpreender migrando para aqui também para taxa pós fixadas podendo chegar a 10% no spread de juros, e vários ativos de Bolsa com preços bem atrativos em dólares. Principalmente metais e commodities. Tanto o Dólar como o Real sofrem com o mesmo risco. Inflação e esfriamento da atividade econômica. A zona do Euro também não está lá grande coisa, mas começa a se reorganizar. Muito difícil uma direção nas moedas, pelo menos no curto prazo. O produtor não tem pressa . O exportador e o trade nas cordas. As torrefações com um olho no caixa, e o outro nos números da Nielsen. E o consumidor… Boa semana todos!*Joseph Reiner*