O mercado fechou sexta-feira em 389,25 centavos, base Maio, contra um fechamento sexta-feira retrasada em 407,40 centavos. Chover no molhado falarmos sobre a volatilidade do mercado.
A correção do mercado ocorreu com volumes módicos, e os Fundos ainda detém uma razoável posicao comprada, mas com ainda bastante “bala na agulha“ para voltar a aumentar suas posições (claro que o inverso também é verdade).
Os estoques certificados fecharam pouco acima das 770 mil sacas, com um alto recebimento no Março. Alguns Trader’s indicavam que a queda poderia ter sido até mais brusca (perto do patamar de 500 mil sacas), e que agora a tendência será uma leve recuperação.
A arbitragem NY & Londres continua perto dos 130 centavos.
Apesar de notícias do físico ter apertado um pouco no Vietnã, também houve uma retração de compras, com os armazéns cheios e necessidade de caixa sendo administrada. Pouca mudança nos diferenciais Vietnamitas, que continuam competitivos.
Notícias de floradas amplas nas regiões que começaram as colheitas mais cedo. Os estoques visíveis estão acima no mês a mês, base Janeiro, porém abaixo no ano a ano.
Tecnicamente podemos considerar o recuo de NY até saudável para aliviar a situação de sobre compra.
Nada mudou quanto os riscos de queda de embarques Brasil no segundo trimestre e volume real de Arábica a ser colhido na próxima safra. Os números que estão entrando de estimativas continuam mostrando números de 40 milhões ou menores, no Arábica. Como comentamos na última semana, a questão é que a demanda (principalmente internamente) começa a sofrer com a segunda onda de aumentos de preços. Lá fora talvez ainda com menos intensidade, porém com números inflacionários acima da expectativa em Janeiro, tanto nos EUA como na Ásia, os números podem ficar difíceis de medir. Muito porque você tem migração para solúvel, cápsulas, e até RTD.
São muitas variáveis em jogo, porém impossível o não repasse dos aumentos eventualmente. Quanto isto vai reequilibrar a difícil situação da oferta… ou não… ainda difícil de medirmos.
Relatórios mais fidedignos somente no segundo trimestre, onde em teoria, também deverá cair os embarques Brasil. Até agora embarques de Janeiro foram bons, e Fevereiro deve fechar dentro dentro de uma média normal.
O Macro/Dólar está ainda mais difícil. Nos EUA: Vai tarifa, vem tarifa. Ameaça tarifar, volta atrás e negocia. Deportações em massa (até agora os números pouco mudaram). A mistura de guerra comercial, deportações de imigrantes, e a alta da inflação em Janeiro, já acendeu o sinal de alerta. O FED continua indicando que a economia está robusta, o PIB cresce dentro do esperado, e a inflação mesmo não atingindo a meta de 2% está razoavelmente sob controle… porém todo cuidado é pouco. As chances de mais cortes de juros em 2025 existem, mais o FED vai ter bastante cautela.
A longo prazo caso a situação de tarifas leve a guerra comerciais e as deportações realmente aumentem, a volta da inflação é bem possível, e os cortes de juros menos possíveis. Os cortes efetuados por Elon Musk e sua equipe poderão ter um efeito médio para redução de custos. Até agora com mais de 1.100 contratos cancelados ou renegociados, a redução de custos foi de $7 bilhões de dólares, ainda não computando todos os desligamentos de pessoal, pois temos uma possível contrapartida de uma redução de qualidade de serviços à população (que tem um custo).
Vamos lembrar o seguinte: as maiores despesas do governo lá são:
- Juros: mais de $1 trilhão de dólares;
- Defesa: mais de $1 trilhão de dólares;
- Administração de veteranos;
- Medicare e seguro social.
Fácil não?? E um fator muito importante: pela primeira vez, em 2024, os juros ultrapassaram os gastos com defesa.
Muitos vencimentos das notas do Tesouro são de curto/médio prazo, e muito nas mãos de estrangeiros. Nenhuma super potência, permaneceu super potência por muito tempo em um cenário assim, ainda mais quando se projeta mais queda de receitas com corte de impostos. Ou você corta na carne, ou você tem que ter ganhos brutais de produtividade para voltar para o azul.
Por aqui nada de novo. O plano do governo é dobrar a aposta. Para virar o jogo, vamos dar crédito para turma gastar: isenção I.R. para quem ganha abaixo dos R$5 mil (acho até justo), bolsa gás, bolsa estudante, etc, etc… agora também o pena justa… vamos liberar a turma da prisão para trabalhar nas obras do PAC e também pagar para a reeducação deles. O crédito consignado para o setor privado também já está aprovado entre Governo e Bancos. Dizem os juros vão ser maiores que o consignado federal (1,8% a.m.), porém menor para o resto que trabalha de verdade (quase 3% a.m.). Obviamente vai gerar mais consumo a princípio, e depois mais endividamento e mais inflação. São mais $120 bilhões de Reais que podem entrar no mercado. A eleição 2026 já começou.
A última trapalhada foi sobre o crédito agrícola. O tesouro bloqueou o dinheiro, já que o orçamento 2025 não está aprovado, e obrigatoriamente as despesas tem que contingenciadas mês a mês até a aprovação do orçamento.
A Fazenda sabia disto, só não avisou ninguém com antecedência (nem os Ministérios da Agricultura e do Planejamento). No final o Governo emitiu uma medida provisória para liberar os $ 4 bilhões para o Plano Safra.
E falando em crédito agrícola, o setor de insumos passa por um momento delicado. Desde a situação financeira difícil da cadeia distribuidora, até o julgamento de uma ação do PSOL que reduz incentivos de ICMS a vários produtos (e ai a culpa do aumento de preços é do produtor). Duas gigantes do setor de fertilizantes (Nutrien e Yara) vão passar adiante suas operações no Brasil, bem como a BASF na sua área de insumos. Preocupante.
Alguns analistas olham que existe uma chance do Dólar ainda testar os R$5,40 com os juros brasileiros indo a 15,25%, um cenário político mais contrário a Lula, e os efeitos da péssima politica fiscal já contabilizados (e seus principais efeitos nefastos com impactos somente pós eleição). Mas o cenário está muito incerto. Nunca duvide da incapacidade deste governo.
O spread de juros vai continuar atraindo mais dólares no momento. Ajustes mais fortes continuam mostrando ser boa compra de dólares.
É quase como: aqui a derrocada é certa… lá ainda temos dúvidas. Não é toa, o Ouro batendo recordes.
No café, o cenário ainda bastante incerto para que NY tenha correções mais fortes. Um possível cenário que mostre possíveis quedas de consumo mais fortes somente com mais certeza no segundo trimestre… o qual nos deixa perto do inverno. Que este calor infernal não nos deixe esquecer que ainda existe um inverno para vir logo ali na frente… mas que a correção da semana não nos deixe esquecer que oportunidades de vendas em escala, com resultados tão positivos, não devem ser desprezadas.
Boa semana a todos!!
Joseph Reiner